domingo, 9 de junho de 2013

A mídia e a sexualidade juvenil

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Por Marcos Aurélio Ruy, no sítio da UJS:

A professora de jornalismo e comunicação de massa na Universidade de Iowa (EUA), Meenakshi Gigi Durham, identifica os mitos criados pela mídia no tratamento da sexualidade, com efeitos nocivos para o desenvolvimento das meninas e a a liberdade das mulheres. É o que chama de Efeito Lolita: cada vez mais a mídia atinge garotas mais jovens.

No livro O Efeito Lolita: a sexualização das adolescentes pela mídia, e o que podemos fazer diante disso, Meenakshi Gigi Durham diz que é necessária a criação de grupos de discussão com participação efetiva dos jovens como forma de combater esse trabalho cruel feito pela mídia comercial.

É imposto a crianças e jovens um único padrão de beleza possível. E, como as imagens de garotas estampadas nas revistas são irreais, as meninas têm que comprar produtos que vão de cosméticos à cirurgias plásticas para atingir a perfeição de serem sexies e outros aspectos de suas vidas são relegados a segundo plano. A socialite Paris Hilton é a principal modelo a ser seguido assim como o grupo Pussycat Dolls.Grifes como Victoria’s Secret e cantoras com Christina Aguilera, Britney Spears e Lady Gaga e suas similares pelo mundo afora apresentam como objetos sexuais.

O nome Lolita deriva do livro homônimo do escritor russo Vladimir Nabokov: uma menina de 12 anos que é um tipo de garota especial, seduz sem ter consciência disso, passa a ter relacionamento amoroso com um adulto.

No livro Educar para a submissão, o descondicionamento da mulher, a pesquisadora italiana Elena Gianni Belotti, já havia mostrado como é um traço cultural a submissão da mulher. “A tradicional diferença de caracteres entre macho e fêmea não é devida a fatores congênitos, e sim, aos condicionamentos culturais a que o indivíduo é forçado no curso do seu desenvolvimento”.

No caso do Efeito Lolita, Durham também faz uma abordagem demonstrando como a natureza não dita as regras no comportamento humano, sendo que a mídia destinada aos jovens é em boa parte dirigida por mulheres mas sujeitam-se à vontade maior do deus mercado. “O verdadeiro problema com o Efeito Lolita é que as garotas não têm controle sobre essa situação.” Ele consiste “numa fantasia masculina adulta.” E a mídia usa essa fase de descobertas das adolescentes inculcando-lhes ainda mais insegurança, simplesmente para vender mais produtos.

Durham deseja fornecer as ferramentas necessárias para se reconhecer e reagir de modo proativo. “Examinar com rigor o ‘Efeito Lolita’ permitirá desvendar os mitos que compõem o espetáculo da sexualidade das garotas na cultura pop convencional.” É muito comum em revistas na atualidade “a ninfeta com rosto de criança e curvas voluptuosas que posa de modo provocativo em capas de revistas. A sexualização das meninas nos ambientes aparentemente seguros, não realistas e fantasiosos da mídia e da publicidade age com o fim de legitimar, e até de tornar glamuroso, o uso da sexualidade das garotas para fins comerciais”, afirma.

As imagens difundidas pela mídia não são reais nem realizáveis; “corrigidas” por softwares de computador, essas imagens criam perfeições inexistentes. Páginas sempre acompanhadas de anúncios de produtos de beleza, entre outros. A mídia é tão persistente que a confusão fica ainda maior na cabeça das adolescentes e o apelo já é feito para crianças de até 8 anos de idade. Segundo Durham há brinquedos nos Estados Unidos da “Pole Dance” (uma dança erótica usada em cabarés) para meninas de 1 a 2 anos.


As meninas como objeto sexual

Há programas na tevê brasileira que apresentam mulheres de biquínis fio-dental, mostrando seus atributos físicos. Existe até um quadro num programa considerado de comédia que é chamado “a miss beleza interior”, ou seja pessoas que fogem do padrão caucasiano de beleza. Outros, supostamente menos incautos, mostram crianças muito pequenas, na imensa maioria meninas, imitando seus ídolos com roupas provocativas e com dança sensual.

O apelo sexual é tão presente que um certo programa “para mulheres” de manhã, da Rede Globo, levou duas jovens a andarem nas ruas de São Paulo, uma loira outra morena. A loira estilo Barbie e a morena apresentada como um tipo mais brasileiro. Elas andavam pelas ruas e a repórter ia perguntando aos homens qual era mais atraente. Tudo para justificar uma “matéria jornalística” sobre como manter a cintura fina.

Recentemente, a Associação Americana de Psicologia (APA, sigla em inglês) apresentou um relatório no qual afirma que a exposição em revistas, televisão, videogames, videoclipes, filmes, letras de música e internet, são nocivos para o desenvolvimento de garotas adolescentes.

Segundo a APA isso pode levar “à perda de auto-estima, depressão e anorexia”, entre outros aspectos. A pesquisadora Meenakshi Gigi Durham mostra que na mídia convencional já “não se diferencia mais anúncios de matérias jornalísticas”.


Cinco mitos para perpetuar a dominação

Em seu livro, Durham detecta cinco mitos nos quais a mídia se baseia para vender “produtos de beleza” e para apresentar as garotas como seres sexualizados que existem apenas para favorecer o sexo oposto, sem vontade própria e, pior ainda, sem valorizar nenhum outro aspecto das garotas a não ser o de serem sexies, sempre com o objetivo de agradar ao “olhar masculino”. E o pior: rebaixam cada vez mais a idade das garotas.

O primeiro mito é Se você tem, exiba. Este mito valoriza apenas a aparência sexy das meninas. “Chelsea, de 4 anos, elogia a aparência hot da amiga”, diz a autora, e acrescenta Lexi, 9 anos, veste uma camiseta do Pussycat Dolls com os dizeres “você não gostaria que sua namorada fosse ‘hot’ como eu?”. O mito então vê como “hot” (sexy) como a feminilidade ideal. Até em programas da Disney essa temática aparece como em Hannah Montana, destinados à jovens pré-adolescentes.

Para Durham “as mensagens sobre sexo que as garotas têm recebido por intermédio desses veículos de mídia, exploram a consciência sexual e a ansiedade que caracterizam os anos de adolescência e pré-adolescência.”

Uma pesquisa publicada no ano passado no Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissívei apontou como emissoras mais assistidas a Rede Globo e a MTV, entre os jovens no período das 18 às 22 horas. Na pesquisa as duas emissoras de TV apresentam alto teor erótico nos seus programas e propagandas.


A violência sexual contra meninas

O segundo mito é Anatomia de uma deusa do sexo. O modelo visto como ideal para as garotas tem de ser magra, loira, cabelos longos, ao estilo da boneca Barbie. Para isso os publicitários chegam ao desplante de vender cremes para branqueamento de pele na África e na Ásia.

Também pretendem vender silicone para aumento do tamanho dos seios, entre diversos outros produtos. Segundo Durham até produtos proibidos nos países do Primeiro Mundo por ameaças à saúde, são vendidos no Terceiro Mundo. “As indústrias da moda, das dietas, dos exercícios físicos, dos cosméticos e da cirurgia plástica geram lucros anuais de bilhões de dólares”, afirma Durham, e confirma “a publicidade é a espinha dorsal da mídia”.

No terceiro mito As garotas bonitas, “em 2007, uma garota de 12 anos chamada Maddison Gabriel causou frisson no desfile de moda Gold Coast, da Austrália”. Um noticiário da emissora norte-americana ABC afirmou que Gold teve inspiração em Lolita. Um blogueiro observou, com cinismo indisfarçável: “crianças também conseguem ser ‘hot’”.

A cantora “Britney Spears, aos 16 anos, exibiu-se movimentando-se de modo ostensivo, vestida com um uniforme de escola católica e rabo de cavalo de menininha, em seu primeiro vídeo musical”. Para Durham a roupa clássica de Lolita é o ”leitmotiv predileto da pornografia infantil”.

Em maio a apresentadora Xuxa foi saudada pela mídia por aparecer ladeada por duas jovens gêmeas negras, de 14 anos, desfilando com pouca roupa e, segundo a mídia, tornou-se espécie de madrinha das meninas para tornarem-se modelos. Essa carreira tem sido apresentada em novelas e programas de tevê como ideal para as “meninas bonitas”. Só não falam dos problemas dessa profissão, nem de como as meninas que supostamente não são assim tão “bonitas” devem fazer? Resta a frustração apenas.

Ser violento é sexy é o quarto mito definido pela escritora. Em diversos filmes, a violência sexual contra garotas é apresentada como natural e punitiva. Nesses filmes tanto as garotas “boas” quanto as “más” são assassinadas com o mesmo prazer.

Uma série de filmes de terror, muito apreciada por jovens, Sexta-feira 1, apresenta as garotas que fazem sexo como libertinas que, portanto, devem ser severamente punidas, da mesma forma que os garotos viciados em drogas. O mais pesado, porém, se dá contra as meninas. É a mão de Deus punindo os pecadores.

“Praticamente a cada vez que há uma cena de relação sexual, em que são mostradas longas cenas com garotas adolescentes seminuas, o matador mascarado ataca.” O filme American Pie, apresentado como de libertação sexual, mostra as meninas como instrumentos do sexo e meros objetos a serem usados pelos meninos. No videogame da série Grand Theft Auto os jogadores têm oportunidade de estuprar, espancar e assassinar prostitutas.

Também peças publicitárias apresentam a violência contra mulher como sexy. “As imagens de violência contra as mulheres estão em toda a parte: nos outdoors, nas revistas, na televisão. Um anúncio da Dolce & Gabbana exibe um homem fazendo sexo com uma mulher, enquanto outros homens estão parados em pé, assistindo. A cena sugere um estupro sendo praticado por uma gangue. No anúncio, a modelo é bonita, tem olhar ardente e aparenta estar excitada. O estupro pela gangue é implicitamente justificado”, afirma Durham.

Outro anúncio da Cesare Paciotti “mostra um homem pisando sobre o rosto de uma bela mulher que usa batom vermelho.”

O quinto mito criado pela mída é do que os rapazes gostam. As revistas feitas para meninas invariavelmente dizem que os “rapazes sabem muito a respeito das garotas” e também sabem muito bem o que querem, ao contrário das garotas que não sabem nada, portanto, precisam aprender a satisfazer os desejos dos garotos… com a mídia.

As revistas “ensinam” as meninas a serem atraentes. Manchetes do tipo estampados pela revista norte-americana Seventeen mostram isso claramente: “Experimente esse visual, testado por garotas e aprovados por rapazes”, formam a essência desse mito.


Controlar a volúpia da mídia

“Temos de aprender a ter controle sobre a mídia e a usá-la de modo que melhore nossa vida, em vez de lhe dar total liberdade de ação tanto no espaço público quanto no privado”, afirma Durham. Ela diz ainda que o marketing das empresas está transformando as crianças pequenas em “iscas de sexo”.

Por isso, para ela “a sexualidade deve ser protegida, as pessoas devem ter controle sobre ela, livres de qualquer violência ou coerção. As garotas devem ser amparadas social e culturalmente, de modo que contribua como seu desenvolvimento sexual e o seu bem-estar.”

“O Efeito Lolita está presente nas revistas para adolescentes, nos programas de tevê, nos shopping centers, na pornografia e nas ruas. Às vezes é difícil distinguir uma imagem da outra”, afirma Durham. Ele age dentro de um contexto corporativo e comercial. Em razão disso, não há ética em jogo: “ele é movido pela busca do lucro”.

Principalmente porque a parte mais promíscua e violenta sobra para as meninas pobres que, sem dinheiro para comprar os tais produtos milagrosos e se tornarem “sexies”, tornam-se presas fáceis para a face mais cruel desse contexto: o tráfico sexual de crianças. O Departamento de Drogas e Crimes da ONU descreve o tráfico sexual de crianças como a atividade criminosa de maior expansão no mundo.

“Em certo sentido, o Efeito Lolita superestima e subestima o sexo, ao mesmo tempo: ele dá uma ênfase excessiva à necessidade das garotas de ser sexies, mas não leva o sexo suficientemente a sério a ponto de lhes fornecer informações adequadas sobre como lidar com ele na vida real”, diz Durham. Por isso, ela defende a inclusão do “uso crítico da mídia” na grade curricular “desde o período da pré-escola até o final do ensino secundário”.

Livro:

O Efeito Lolita: a sexualização das adolescentes pela mídia, e o que podemos fazer diante disso, Meenakshi Gigi Durham, Editora Larousse, 2009, São Paulo

ENTÃO O MUNDO TÁ CHEIO DE PSICOPATAS

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Escreva Lola Escreva 

Segunda passada publiquei post sobre o terrível caso da cheerleader estuprada por um atleta. Ele, quando finalmente foi condenado (não por estupro, mas por um crime menor), não só não foi preso como teve que pagar uma fiança de 2,500 dólares. Expulsa da equipe por se recusar a torcer pelo estuprador, a vítima processou a escola. A justiça americana não só não lhe deu ganho de causa, como considerou o processo fajuto, e a multou em 45 mil dólares. 
 
Ou seja, quando a gente fala que vive numa cultura de estupro, está se referindo a todo um sistema que insiste em manter o estupro impune, a um mundo que vende imagens de estupro como se fossem glamurosas e desejáveis, e a uma sociedade que culpa a vítima, sempre. Escreva um texto sobre estupro, qualquer um. Pode ser o estupro mais escabroso possível, que sempre vai aparecer alguém pra dizer que a mulher é que quis e que é errado culpar o cara. É um paradoxo: apesar de vivermos num mundo em que um terço das mulheres já sofreu algum tipo de abuso sexual, muitas pessoas (homens principalmente) juram que estupro não existe. Quando muito, que é coisa de psicopata. 
 
O problema é que não é. Se fosse apenas um grupinho, não seria tão difícil brecar a violência sexual. Não é o estuprador individual que é um psicopata ― é a sociedade. Veja só esses dois casos que citei do Texas, esse da cheerleader e outro de uma menina de 11 anos estuprada por dezoito rapazes. A maior parte de nós, olhando aqui de longe, imediatamente empatiza com as vítimas, certo? Mas nas cidades onde esses estupros ocorreram o que mais se ouve é “Vocês não sabem o que aconteceu, e nós sabemos. Vocês não conhecem a história toda”. E qual é a “história toda”? É que a cheerleader de 16 anos estava bêbada e já tinha beijado duas pessoas naquela festa. É que a menina de 11 se vestia como uma mulher de 20 e não era mais virgem. Essa, gente, é a história toda. Por isso essas garotas foram estupradas. Por isso nas várias Marchas das Vadias que fizemos e estamos fazendo por todo o mundo alguns slogans incluem “Beber não é crime. Estuprar é”, e “Minha roupa não é um convite para ser estuprada”.

No sábado retrasado aconteceu de novo. Um funcionário de uma boate em SP foi acusado de estuprar uma moça de 20 anos. Ela, que comemorava a formatura da irmã, estava bêbada. O estupro aconteceu no ambulatório da boate. O funcionário confirma o sexo, mas diz que foi consensual. Aí fica a dúvida: como que uma pessoa caindo de bêbada pode consentir alguma coisa? Penetrar uma mulher que está dormindo não é estupro? Que tal uma paciente em coma?

Quer dizer, essa questão do consentimento é uma das dúvidas. A outra é: imagina só que você vê uma pessoa bêbada passando mal, precisando de ajuda, que a muito custo se arrasta até um ambulatório. O que você faz? a) Você ajuda a pessoa? b) Você a estupra?
 
Se estupro é uma palavra muito forte, vamos imaginar que uma pessoa de repente passe mal na rua. Assim, do nada, uma pessoa desmaia na sua frente. Você a ajuda ou você aproveita para roubar-lhe os pertences? (Eu não gosto muito dessas comparações porque estupro não tem nada a ver com roubo. Estupro é um dos crimes mais hediondos que existem, e a sociedade sabe muito bem disso — tanto que é uma tática comum nas guerras).
 
A frequência com que mulheres bêbadas são estupradas (é um dos casos mais típicos em festas universitárias) mostra que, bem, tem muito cara que não vê mal nenhum em se aproveitar, ao invés de ajudar, uma pessoa passando mal. Todos esses caras são psicopatas? E esses aqui, que tirei (tudo sic) dos comentários da matéria do jornal online?

- “Não aconteceu nada demais! A mulher eh MAIOR DE IDADE, portanto plenamente capaz, bebeu por livre e espontanea vontade, foi pra gandaia e depois facilitou as coisas abrindo a guarda e depois de arrependeu. Agora querem prejudicar o funcionário. O único erro do cara foi ter feito isso num ambiente de trabalho. No máximo um mal procedimento.

- “isso é classico, esquentam os caras e depois querem sair fora...

- “desde quando ter conjunção carnal com uma moça de 20 anos é ESTUPRO DE VULNERÁVEL?
 
- “È adequado uma jovem embriagar-se em simples festa de formatura da irmã? É adequado um empregado do estabelecimento descontrolar-se com isso a ponto de consumar uma violação?

- “Tudo deve ser apurado mas muito me parece q a garota ficou doidona, ficou com vontade de dar e depois se arrependeu ...

- “Ei, esta garota viu a novela da GROBO, 21:00, a mocinha que colocava chifre no noivo com um segurança do shopping. Era a fantasia da garota fazer o mesmo. Coitado do cara.

- “Existe um ditado popular que diz: C... de bêbado não tem dono. Quem bebe deve sempre pensar nisso”.

- “ela bebeu e alega ter sido estuprada? pra mim parece desculpa esfarrapada dela!
 
- “O IMPORTANTE É SABER se ela disse, em algum momento, NÃO (OU FEZ MENÇÃO QUE NÃO QUERIA). Caso contrário, o bombeiro está sendo acusado INJUSTAMENTE!

Esses rapazes que comentam são todos psicopatas? Ou representam um modo de pensar que está impregnado no nosso mundo? Sabe, esse mesmo mundo em que dizem que o feminismo não tem mais razão de ser?

Pra essa gente, fazer sexo com uma mulher incapaz de consentir não é estupro. É uma oportunidade (assine a petição contra a piada rafística!). Afinal, a julgar pelo número de passadas de mão e grosserias a que uma mulher (sóbria!) está sujeita sempre que sai à rua, o corpo de uma mulher já é público. Se ela beber, então... Quem manda ela beber, não é mesmo? 
 
Esses pensadores não estão sozinhos. Uns dez dias atrás tivemos as declarações do bispo de Guarulhos, um que acha misturar religião e política seu dever divino. Dom Luiz Bergonzini é outro que não acredita em estupro, como narra a entrevista que ele deu ao Valor:

"Vamos admitir até que a mulher tenha sido violentada, que foi vítima... É muito difícil uma violência sem o consentimento da mulher, é difícil", comenta. O bispo ajeita os cabelos e o crucifixo. "Já vi muitos casos que não posso citar aqui. Tenho 52 anos de padre... Há os casos em que não é bem violência... [A mulher diz] 'Não queria, não queria, mas aconteceu...'", diz. "Então sabe o que eu fazia?" Nesse momento, o bispo pega a tampa da caneta da repórter e mostra como conversava com mulheres. "Eu falava: bota aqui", pedindo, em seguida, para a repórter encaixar o cilindro da caneta no orifício da tampa. O bispo começa a mexer a mão, evitando o encaixe. "Entendeu, né? Tem casos assim, do 'ah, não queria, não queria, mas acabei deixando'. O BO é para não facilitar o aborto", diz.

O bispo é um psicopata também? Ok, não responda! Qualquer um que use o exemplo da caneta com uma pobre repórter revela total falta de empatia (assine a petição contra as declarações do bispo). Mas psicopatia é isso mesmo: é não sentir empatia pelas vítimas. Então talvez o pessoal que prega que estupro é obra de psicopata tenha razão: só psicopata estupra, e só psicopata justifica estupro. Mas como existem psicopatas neste mundo, hein?

quinta-feira, 6 de junho de 2013

O crime da MTV


    

Por incrível que pareça, o crime mais grave perpetrado pela MTV atualmente não é veicular clipes do Restart. O blog Testosterona, página relacionada ao site da MTV Brasil, está na mira de uma petição que hoje conta com cerca de 20 mil assinaturas contra seu conteúdo, considerado violento e preconceituoso.

Estranho o presidente da MTV Networks, Mr. Van Toffler, permitir que sua marca carimbe tal material: a mesma rede conhecida por veicular campanhas para promover a tolerância e a igualdade entre seu público jovem fecha os olhos para o jeitinho misógino de ser do blog. O Testosterona começou a cavar sua má fama em 2010, com a postagem de um vídeo em que ensinava como “convencer” uma mulher a fazer sexo anal quando ela se recusa; basta dar-lhe uma tijolada na cabeça que ela “apaga” e o caminho está livre. Ao final do vídeo, três motivos explicam porque o sexo anal é melhor: é “(…) mais humilhante para a mulher“.

Em março deste ano a polícia prendeu dois ex-colaboradores do Testosterona, Emerson Eduardo Rodrigues e Marcelo Valle Silveira Mello. Além de colaborar com o Testosterona, os dois mantinham seu próprio site para reforçar o discurso de ódio contra mulheres, homossexuais, negros, nordestinos e judeus. As investigações ainda ligaram Emerson e Marcelo a um grupo que planejava uma ação armada contra estudantes da Universidade de Brasília (UnB). Cereja no topo do bolo: Wellington Menezes de Oliveira, autor do massacre ocorrido em Realengo, no Rio de Janeiro, no dia 7 de abril de 2011, que resultou na morte de 12 estudantes, manteve contato com Emerson e Marcelo pedindo ajuda para planejar o ataque.

É. O Testosterona parece mesmo reunir a nata dos humoristas na internet. [Só que ao contrário.]

Amostra de “humor”

O editor do Testosterona, Eduardo Mendes, afirma no site: 
“Não sou machista, machismo é burrice e burrice é coisa de mulher.” 
E diz ser 
“um rapaz que acredita que toda mulher é uma rainha 
e a cozinha é seu castelo.” 

Secretária de Enfrentamento da Violência contra a Mulher, Aparecida Gonçalves, alertou em entrevista recente à CBN a respeito do aumento de violência sexual que vem sendo observado no país inteiro e ressaltou que, nesse ambiente, é inaceitável a existência “de blogs, sites ou programas de televisão que efetivamente incentivem esse tipo de coisa.” Mas o que seria esse tipo de coisa? De acordo com o SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação, esse tipo de coisa, a violência sexual, é toda ação na qual uma pessoa, em situação de poder, obriga uma outra à realização de práticas sexuais, contra a vontade, por meio de força física, influência psicológica, uso de armas ou drogas (Código Penal Brasileiro). Esse tipo de coisa é meio serinho: Em 2010 a Central de Atendimento à Mulher – SEPM (Ligue 180) divulgou o número de atendimentos de janeiro a maio daquele ano.

Somaram 271.719, um aumento de 95,5% em relação aos primeiros cinco meses de 2009 (138.985). Afinando o foco: foram 29.515 casos de violência física e 1.060 de violência sexual, descontando os demais. Segundo o Mapa da Violência divulgado pelo SINAN, em 2011 foram atendidas mais 13 mil mulheres vítimas de violência sexual (sem contar os casos não registrados oficialmente).

Reforçando: 
em um ano, os casos registrados de violência sexual contra a mulher saltaram de 1.060 a 13.000 

Nesse período, a Central 180 registrou 51.354 relatos de violência. Foram 29.515 casos de violência física, 13.464 de violência psicológica, 6.438 de violência moral, 887 de violência patrimonial, 1.060 de violência sexual, 42 situações de tráfico e 207 casos de cárcere privado.

Uma piada que celebra esse tipo de coisa, que retrata a definição acima, pode ser considerada humor por alguns. Mas da mesma maneira que não podemos ignorar que ela pode ser engraçada – para alguns – não podemos deixar de apontar que tal piada incita a situação acima descrita como violência sexual.

O vídeo da “tijolada” do sexo anal foi retirado do blog somente no mês passado, mais de dois anos depois de postado, e ainda pode ser acessado no YouTube, apesar de ter levado a Secretaria de Políticas para as Mulheres a solicitar do Ministério Público uma investigação sobre apologia ao estupro.

A All Out, organização internacional pela petição denominada “MTV Apoia o Ódio“, recebeu da Vice Presidente de Responsabilidade Social da emissora em Nova York uma mensagem decepcionante. Na nota, a MTV declara apenas que o Testosterona não passa de “uma abordagem bem-humorada do machismo moderno, adequadamente embasada na cultura brasileira” e que por isso não encerrariam sua parceria com o site. Para a MTV, esse tipo de coisa é bem coisa nossa! Para a MTV somos modernos neanderthals em cuja cultura está enraizado e é aceito o procedimento do ataque à tacape (ou tijolo) na cabeça da fêmea para obter sexo. Por isso devemos achar graça do tal vídeo postado no Testosterona.

Porque supostamente ainda possuímos vivo demais o registro dessa modalidade de convívio, tão entranhado em nós que é até de se espantar que nos revoltemos contra o conteúdo do vídeo e/ou de todo o Testosterona. Não se trata mais de uma questão para feministas nem feminazis. A mensagem da MTV chama a todos de ignorantes: tanto homens quanto mulheres.

“Algumas meninas gostam de ser estupradas”, diz juiz de Israel



Postado em: 5 jun 2013 às 16:31

Juiz causa polêmica em Israel ao afirmar, durante audiência de um caso de estupro de uma menor, que “algumas meninas gostam de ser estupradas”

Um juiz causou polêmica em Israel ao afirmar, durante a audiência de um caso de estupro de uma menor, atualmente com 19 anos, que “algumas meninas gostam de ser estupradas”. Nissim Yeshaya, embora esteja aposentado, continua atuando em alguns casos de apelação institucionais no Distrito de Tel Aviv, segundo o site Ynet.

juiz israel meninas estupradas
Juiz de Israel Nissim Yeshaya diz que “algumas meninas gostam de ser estupradas” (Foto: Divulgação)

Em meio a uma audiência ontem da Comissão de Apelação da Previdência Social, na qual a vítima não estava presente, o magistrado surpreendeu os participantes com o comentário, que gerou protestos. A presidente da comissão parlamentar para o Status da Mulher, Aliza Laví, pediu à ministra da Justiça, Tzipi Livni, que interdite imediatamente Yeshaya.

A jovem, hoje maior de idade, tinha 13 anos quando foi violentada. Sua advogada, Aloni Sadovnik, descreveu a declaração do juiz à rádio do exército israelense: “No meio de um debate acalorado, o juiz diz de repente alto e para todos os presentes ouvirem, ‘Há algumas meninas que gostam de ser estupradas”.

“A sala ficou em silêncio”, acrescentou a advogada, detalhando que “inclusive os (outros dois) membros do tribunal (de apelações) ficaram calados por vários minutos. Ele nem sequer percebeu o que acabava de dizer. Não entendia por que todo mundo estava em silêncio ao mesmo tempo”.


 
A advogada da vítima detalhou que os outros dois juízes administrativos tentaram de acalmar os ânimos e minimizar o prejuízo das declarações de seu companheiro.


Comentários “mal interpretados”
Yeshaya, que se desculpou hoje, afirmou sobre o escândalo que “não é sério”. “Estão tentando conseguir publicidade as minha custas. Eu não acho que a vítima de um estupro não sofre danos com ele ou que o estupro não é um crime grave. (Meus comentários) foram mal interpretados”, alegou. (interessante que é sempre o mesmo "argumento" - eles foram mal interpretados e não queriam dizer o que disseram - tá então)

A Administração de Tribunais disse que o juiz não tinha intenção de ofender a vítima de estupro e que lamentava os comentários. A ministra de Cultura e Esporte , Limor Livnat, considerou “assustadoras e escandalosas“, as declarações e também intercedeu para que o juiz passe para aposentadoria definitiva.

“As vítimas de estupro sofrem severos traumas psicológicos. É difícil imaginar o dano causado por esse comentário, que poderia dissuadir outras vítimas de abusos sexuais (de denunciar os crimes)”, criticou.

O juiz era o candidato preferido do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a presidir o Tribunal interno do partido Likud, mas hoje o governante retirou seu apoio porque “uma pessoa que se expressa assim não merece o cargo”.
Agência Efe

sábado, 1 de junho de 2013

Mulher que superou câncer de mama é banida do Facebook por ‘foto ilegal’

Postado em: 21 fev 2013 às 15:22

Banida do Facebook, imagem de mulher tatuada se torna viral. Desenho no colo foi feito após a mulher vencer câncer de mama

A tatuagem no colo de uma mulher desenha um belo top, e foi postada pelo estúdio canadense Custom Tatoo Design no Facebook. Por trás do desenho, está a história de uma mulher que fez mastectomia dupla (ou seja, retirou totalmente os dois seios) por conta de um câncer de mama. A foto, porém, foi banida da rede social por violar a política do site, que não autoriza nudez em suas páginas.
Mulher é banida do Facebook após divulgar foto com tatuagem no colo (Reprodução / Custom Tattoo Design)


Os internautas não gostaram nada da atitude do Facebook e resolveram embarcar em uma campanha, promovida pelo estúdio de tatuagem, para que imagem possa ser publicada livremente.

“O Facebook continua a remover a postagem por considerá-la ofensiva, em função da nudez. No entanto, nós achamos que essa mulher é forte e corajosa, então vamos publicar a imagem aqui de qualquer forma e pedimos o apoio de vocês. Por favor, curta e compartilhe para mostrar seu apoio a esta e a muitas outras mulheres que já perderam tanto em suas vidas”, diz o texto na página do estúdio Custom Tatoo Design.

A foto, extraída do livro “Bodies of Subversion: A Secret History of Women and Tattoo”, já tem mais de 160 mil compartilhamentos e 190 mil curtidas.
Agências

Facebook não tira do ar vídeo de mulher sendo decapitada


Postado em: 26 abr 2013 às 17:54

Facebook mostra vídeo de mulher sendo decapitada e não o retira do ar. Rede social alega que usuários compartilham imagens para condená-las

Um vídeo de uma mulher sendo decapitada no Facebook tem causado polêmica na rede social. Embora a imagem publicada por um usuário seja explícita, o site afirma que não pode retirar o conteúdo do ar porque ele “não viola os padrões de comunidade do Facebook”.

mulher decapitada facebook
Facebook mostra vídeo de mulher sendo decapitada e não o retira do ar (Foto: Reprodução)

De acordo com o Facebook, as pessoas que comentam e compartilham o vídeo o estão fazendo “para condená-lo” e que, por isso, não pode removê-lo. “Da mesma forma como programas jornalísticos na televisão usam imagens inquietantes mostrando atrocidades, as pessoas podem compartilhar vídeos inquietantes no Facebook com o objetivo de aumentar o conhecimento sobre ações ou causas”, diz a empresa.

“Embora o vídeo seja chocante, nossa postura está fundamentada na preservação dos direitos das pessoas de descrever, representar e comentar sobre o mundo em que vivem”.

O vídeo publicado por um usuário da rede social, aparentemente mexicano, mostra uma mulher sendo decapitada por supostos integrantes de uma gangue mexicana. Até a publicação da reportagem, o conteúdo foi compartilhado por mais de 5,6 mil usuários do Facebook, teve quase 3,9 mil comentários e mais de 1,4 mil “Curtir”.

 

O que pode e o que não pode

Segundo os termos de direito e responsabilidades do Facebook, a rede social está autorizada a remover qualquer conteúdo que infrinja os direitos autorais de alguém. Os usuários estão proibidos ainda de publicar conteúdo que “contenha discurso de ódio, seja ameaçador ou pornográfico; incite violência; ou contenha nudez ou violência gráfica ou desnecessária“.


É vedado também aos usuários publicarem conteúdo que “infrinja ou viole os direitos alheios ou a lei”, informações financeiras confidenciais de ninguém no Facebook e que contenham quaisquer atos ilegais, equivocados, maliciosos ou discriminatórios.


Leia a seguir a íntegra da nota eviada pelo Facebook

As pessoas estão compartilhando este vídeo para condená-lo. Da mesma forma como programas jornalísticos na televisão usam imagens inquietantes mostrando atrocidades, as pessoas podem compartilhar vídeos inquietantes no Facebook com o objetivo de aumentar o conhecimento sobre ações ou causas. Embora o vídeo seja chocante, nossa postura está fundamentada na preservação dos direitos das pessoas de descrever, representar e comentar sobre o mundo em que vivem“.

PS de Pragmatismo Politico: Estranha a política de uso do Facebook. Enquanto mulheres que divulgam fotos amamentando têm seus perfis bloqueados, páginas com conteúdo claramente discriminatórios e um vídeo que revela a decapitação de uma mulher são mantidos no ar.

Agressão contra mulheres no Facebook vira rotina


Postado em: 31 mai 2013 às 14:33

Usuários protestam contra mensagens sexistas no Facebook. Conteúdos que mostram violência contra mulheres de forma positiva são tolerados pela rede social

Centenas de manifestantes estão pedindo ações mais duras do Facebook contra posts que, segundo eles, inferiorizam as mulheres.

Mais de 50 mil pessoas já tuitaram em apoio à campanha FBRapen (FBEstupro, em tradução livre) e cerca de 5 mil enviaram e-mails a empresas cujos anúncios aparecem junto do conteúdo ofensivo.

A campanha tem como alvo comentários postados na rede social que retratam estupro e violência contra as mulheres de forma positiva. O Facebook diz já ter removido diversos exemplos.

Uma petição online sobre o assunto também reuniu mais de 220 mil assinaturas.

 “O Facebook age em assuntos como antissemitismo e já foi elogiado por isso, mas quando eles vêem imagens de mulheres sendo estupradas, não consideram que isso é um tipo de discurso de ódio.” 
(Laura Bates, criadora do projeto Everyday Sexism)
A campanha foi organizada por usuários individuais e por 40 grupos de mulheres, incluindo o grupo americano Mulheres, Ação e Mídia (WAM, na sigla em inglês) e o projeto britânico Everyday Sexism (Sexismo Cotidiano, em tradução livre) – uma conta de Twitter que encoraja mulheres a compartilharem situações em que perceberam sexismo.

Em uma carta aberta à gigante das redes sociais, os grupos exigiram “ações rápidas, abrangentes e eficientes em relação à representação de estupro e violência doméstica no Facebook” e dizem ter pedido aos usuários do site para entrar em contato com empresas cujos anúncios aparecem nas páginas denunciadas.

Sky, American Express e os produtos de beleza Dove estão entre as marcas afetadas.

A carta também lista exemplos do material que os manifestantes consideram “inaceitável”, o que inclui grupos de Facebook com títulos como “É por isso que indianas são estupradas” e posts individuais com imagens de mulheres vítimas de abuso.

 
Uma imagem, por exemplo, mostra uma mulher deitada no chão no pé de uma escadaria com a frase “Da próxima vez, não engravide”.



Alvo
Em um comunicado, a marca Dove, da empresa Unilever, disse estar “extremamente perturbada” pelas imagens.

“A Dove leva esse assunto muito a sério e não aprova nenhuma atividade que insulta intencionalmente nenhum tipo de público”, disse a diretora global de comunicações do grupo, Stacie Bright.

“Estamos trabalhando para refinar nossas palavras-chave (que determinam a inserção de anúncios) caso outras páginas como essa sejam criadas. Os anúncios no Facebook miram nos interesses das pessoas, não nas páginas. Nós não escolhemos em que local nossos anúncios aparecem.”

Tanto Bright quando o porta-voz do Facebook disseram que os exemplos mencionados na carta foram retirados do site.

“Não há lugar no Facebook para discursos de ódio ou conteúdo que é ameaçador ou incita violência, e não iremos tolerar materiais considerados genuinamente ou diretamente nocivos”, disse o Facebook em um comunicado.

(mentira as páginas se multiplicam e eles respondem sempre a mesma coisa)

 “Tentamos reagir rapidamente para remover a linguagem e as imagens denunciadas que violam nossos termos.

Também queremos tornar fácil para as pessoas denunciar conteúdo questionável usando links localizados no site.”, acrescentou a rede social.

A empresa disse, no entanto, que nem todo o material que os usuários podem considerar “vulgar ou de mau gosto” viola, na prática, as regras.
(os "critérios" usados são muito questionáveis na verdade)


Frustração
Laura Bates, fundadora do projeto Everyday Sexism, que a campanha nasceu da “completa frustração” de um grande número de mulheres que aderiu à iniciativa para reclamar sobre o material.

“Obviamente é difícil moderar uma plataforma de 1 bilhão de usuários, mas isso está afetando as mulheres de maneira desproporcional”, disse.

“O Facebook age em assuntos como antissemitismo e já foi elogiado por isso, mas quando eles veem imagens de mulheres sendo estupradas, não consideram que isso é um tipo de discurso de ódio. Muitas mulheres estão dizendo que isso as impede de usar o Facebook.”

O site de rede social já foi criticado por remover imagens de mulheres amamentando seus bebês e mostrando o corpo após realizar mastectomias, segundo Bates.

“Não acho que você pode usar a cortina de fumaça da liberdade de expressão quando tira outras imagens que geralmente são de corpos femininos”, afirmou.
Ela disse ainda que os grupos e o Facebook estavam “em contato” e que ambos esperavam por uma resolução imediata para o problema.
BBC Brasil
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...