15 de Dezembro de 2011
unisinos
Um amplo levantamento do governo norte-americano sobre estupro e
violência doméstica, divulgado na última quarta-feira (14), afirma que a
violência sexual contra as mulheres permanece endêmica nos Estados
Unidos e, em alguns casos, muito mais comum do que antes se imaginava.
A reportagem é de Roni Caryn Rabin, publicada pelo The New York Times e reproduzida pelo portal Uol, 15-12-2011.
Quase
1 entre 5 mulheres entrevistadas disse já ter sido estuprada
ou ter
experimentado uma tentativa de estupro a certa altura,
e 1 entre 4
relatou ter sido agredida fisicamente por um parceiro íntimo. Uma entre 6
mulheres já foi perseguida, segundo o relatório.
"O fato de quase 1 entre 5 mulheres já ter sido estuprada é impressionante e, eu acho, surpreenderá muitas pessoas", disse Linda C. Degutis,
diretora do Centro Nacional para Prevenção e Controle de Ferimentos,
dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), que realizou o
levantamento. "Eu não acho que realmente sabíamos que isso era tão
predominante na população."
O estudo, chamado Levantamento Nacional da Violência Sexual e por Parceiro Íntimo,
teve início em 2010 pelos CDC com o apoio do Instituto Nacional de
Justiça e do Departamento de Defesa. O estudo, um levantamento contínuo
por telefone de uma amostra nacional representativa de 16.507 adultos,
define parceiro íntimo e violência sexual em termos gerais.
Os
pesquisadores obtiveram informação sobre os tipos de agressão, não
previamente estudados em levantamentos nacionais, incluindo violência
sexual fora estupro, agressão psicológica, coerção e controle da saúde
sexual e reprodutiva.
Eles também coletaram informação sobre a saúde física e mental dos sobreviventes de violência.
A
violência sexual afeta as mulheres desproporcionalmente, apontaram os
pesquisadores. Um terço das mulheres disse ter sido vítima de estupro,
agressão física, perseguição ou uma combinação das agressões.
Os
pesquisadores definiram estupro como sendo penetração forçada completa,
penetração forçada facilitada por drogas ou álcool, ou tentativa de
penetração forçada. Segundo essa definição, 1% das mulheres
entrevistadas relatou ter sido estuprada no ano anterior, um número que
sugere que, anualmente, 1,3 milhão de mulheres americanas podem ser
vítimas de estupro ou tentativas de estupro.
Esse número é
significativamente superior do que as estimativas anteriores. A Rede
Nacional de Estupro, Abuso e Incesto estimou no ano passado que 272.350
americanos foram vítimas de violência sexual. E apenas 84.767 ataques
definidos como estupros forçados foram relatados em 2010, segundo as
estatísticas nacionais do FBI.
Mas os homens também relataram ser vítimas em números surpreendentes.
Um
entre sete homens já experimentou violência severa pelas mãos de um
parceiro ou parceira íntima, apontou a pesquisa, e 1 entre 71 homens
–entre 1% e 2% – já foi estuprado, muitos quando tinham menos de 11
anos.
A grande maioria das mulheres que disseram ter sido vítimas
de violência sexual, estupro ou perseguição relatou sintomas de
transtorno de estresse pós-traumático, assim como cerca de um terço dos
homens.
As mulheres que experimentaram essa violência também
apresentavam maior probabilidade do que as mulheres que não de terem
asma, diabete ou síndrome do intestino irritável. Tanto homens quanto
mulheres que foram agredidos apresentavam maior probabilidade do que as
pessoas que não foram de relatar dores de cabeça frequentes, dor
crônica, dificuldade para dormir, limitações em atividades e má saúde
física e mental.
"Nós já vimos essa associação com condições
crônicas de saúde em estudos menores", disse Lisa James, diretora de
saúde do Futuros Sem Violência, um grupo nacional sem fins lucrativos
com sede em San Francisco, que defende programas para colocar um fim à
violência contra as mulheres e meninas. "As pessoas que crescem com
violência adotam estratégias para lidar com ela que podem levar a uma
saúde ruim. Nós sabemos que as mulheres em relacionamentos abusivos
apresentam maior risco de fumar, por exemplo."
O levantamento
apontou que a própria juventude é um importante fator de risco para
violência sexual e agressão. Aproximadamente 28% dos homens que foram
vítimas de estupro relataram ter sido atacados quando tinham menos de 10
anos.
Apenas 12% das vítimas de estupro do sexo feminino foram
atacadas quando tinham 10 anos ou menos, mas quase metade das vítimas do
sexo feminino foi estuprada antes de completar 18 anos. Cerca de 80%
das vítimas de estupro relataram ter sido estupradas antes dos 25 anos.
O
estupro em uma idade jovem foi associado com outro estupro posterior;
cerca de 35% das mulheres que foram estupradas quando eram menores
também foram estupradas na idade adulta, apontou o levantamento.
Mais
da metade das vítimas de estupro do sexo feminino foi estuprada por um
parceiro íntimo, segundo o estudo, e 40% foram estupradas por uma pessoa
conhecida; mais da metade dos homens que foram estuprados disse que o
agressor era uma pessoa conhecida.
A divulgação do relatório foi
adiada duas vezes, mais recentemente em 28 de novembro. Os resultados
foram baseados em entrevistas completas que duraram cerca de 25 minutos
cada; elas foram conduzidas em 2010 com 9.086 mulheres e 7.421 homens.
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