06/03/2014
carta maior
Maior estudo sobre violência de gênero já realizado na União
Europeia envolveu 42 mil mulheres entrevistadas nos 28 Estados-membros
da União.
Uma em cada três mulheres da União Europeia foi vítima de violência
física ou sexual, conclui um estudo realizado pela Agência dos Direitos
Fundamentais da UE (FRA, da sigla em inglês), o que daria, extrapolando
os dados, 62 milhões de mulheres. E uma em cada cinco (22%) disse ter
sofrido essa violência por parte do parceiro ou ex-parceiro.
O
maior estudo sobre violência de gênero já realizado na UE foi divulgado
quarta-feira (5) e envolveu 42 mil entrevistadas nos 28 Estados-membros
da União, 1.500 por cada país.
As mulheres foram questionadas
sobre as suas experiências de abusos físicos, sexuais e psicológicos, em
casa, no trabalho, na esfera pública e também no espaço virtual
(perseguição e assédio através da Internet).
Perguntas específicas
As
entrevistas foram feitas a mulheres de 18 a 74 anos escolhidas por uma
amostragem aleatória. Foram feitas presencialmente, também por mulheres,
nas casas das entrevistadas ou em lugares por elas escolhidos. Só foi
entrevistada uma mulher por unidade familiar. As perguntas não eram
genéricas, e sim muito específicas, como “Foi esbofeteada?”
Cinco
por cento das entrevistadas disseram ter sido violadas; 43% relataram
algum tipo de violência psicológica por parte do seu parceiro atual ou
anterior (humilhações em público, proibição de sair de casa, ameaças
físicas). E mais da metade, 55%, disseram ter sido vítimas de algum tipo
de assédio sexual. Um terço das vítimas disseram que o autor era um
chefe, companheiro ou cliente.
Maioria das vítimas calou-se
O
estudo abordou também a questão da comunicação, ou ausência dela, à
polícia ou a outros serviços. E o resultado foi que 67% das mulheres não
comunicaram a ninguém o caso mais grave de violência por parte do
parceiro.
“É uma chamada de alerta: a violência afeta
praticamente todas as mulheres”, disse à agência Lusa a investigadora
Joanna Goodey, em Viena de Áustria, sede da FRA.
Para a
investigadora, “se estes dados dissessem respeito a um país fora da UE,
haveria imensas declarações de indignação, mas isto é dentro da UE.”
Fora de moda
Considerando
que o combate à violência de gênero “não está entre as prioridades”
comunitárias, a perita lamenta que o tema esteja ficando “fora de moda”,
com a UE preferindo fazer campanhas focadas “em áreas particulares da
violência”, que, sendo “muito importantes”, afetam menos mulheres.
Uma
das novidades da pesquisa é a inclusão de “novas ou recentes” formas de
violência de gênero, que recorrem à tecnologia, concluindo que onze por
cento das inquiridas foram alvo de “avanços inapropriados” nas redes
sociais e através de mensagens escritas de celular (sms) ou de correio
eletrônico (emails).
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